quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Memória Histórica

É conhecida entre nós brasileiros, a afirmação segundo a qual padecemos de um terrível mal: o desprezo pela memória histórica. Talvez pela mesma razão, é frequente escutar sobre nossa "falta de heróis" ou de "mártires", de grandes homens. No discurso acadêmico e político, por exemplo, é muito raro encontrar referências a personagens decisivos da nossa história; da mesma forma em muitos casos a lembrança de algum fato ou personagem soa como "antiquada" ou "desnecessária" ou "coisa de político à moda antiga".
Na atualidade, as classes políticas dominantes estão determinadas em enterrar a "Era Vargas". Como anuncia "FHC" em mais uma demonstração de que nossa história nunca nos basta, é sempre incompleta, muito pior, muitas vezes trata-se de um obstáculo para quais a história soa como "morta" entre nós. Seríamos um correspondente daquilo que para outros fins, segundo F. Engels, denominou de "Povos sem história".
Nesse contexto, é muito provável e tão relevante quanto o da "chacina de palmares"; de "canudos"; "revolta dos malês"; "holocausto dos nossos índios". Heróis como Chico Mendes, Milton Santos e Abdias Nascimento, Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares, José do Patrocínio, Teodoro Sampaio, André Rebouças, João Cândido, não adquirem a importância histórica e política que, sem dúvida possuem.
Carlos Santos Gomes

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

GANGA-ZUMBA (O Grande Chefe)

A história comete uma injustiça quando conta a saga do Quilombo dos Palmares. Nela, Zumbi aparece como o grande e único personagem na luta contra o governo escravocrata. A verdade é que Palmares só foi o que foi graças a Ganga-Zumba, o grande estadista do quilombo. Pouco se sabe dele. Era um negro africano alto e forte que chegou a Palmares por volta de 1630. Nesta época, Palmares era formado por povoados, os mocambos (mukambo é esconderijo no dialeto banto), Ganga Zumba sabia que um quilombo unido dificilmente seria vencido e procurou os líderes locais. Reuniu os onze maiores mocambos em uma confederação e foi eleito comandante geral. E assim, iniciou-se o período mais próspero e feliz da existência de Palmares. Porém para tentar acabar com as tentativas de invasão que não cessavam e que obrigavam os habitantes de Palmares a viverem sempre na expectativa de uma guerra, Ganga Zumba, em 1678, decidiu negociar uma paz duradoura com os brancos. Zumbi e a maioria do povo do quilombo não acreditaram na paz dos brancos. Foi a primeira discórdia dentro do quilombo. E assim, Ganga Zumba, no dia 5 de fevereiro de 1678, acompanhado de 400 quilombolas, foi para Recife e depois rumo a Cucaú onde, depois de conhecer o local onde se instalariam, percebeu que caíra numa armadilha. Despediu-se de seus homens mandando-os e volta a Palmares e se matou tomando um licor envenenado.

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